Africanos responsáveis

Vice-Reitora da Strathmore University, licenciou-se em Química no Quénia, e doutorou-se com uma tese em Electroquímica.

Florence Oloo cumprimenta Bento XVI durante o Sínodo de África

Participou no Sínodo. Qual foi o seu papel?

Constituiu para mim uma surpresa quando fui convocada por Bento XVI para tomar parte como perita. Procurei apresentar a minha experiência como investigadora e professora universitária num país africano. Ao mesmo tempo, como mulher, pude também oferecer uma visão que terá contribuído para enriquecer o debate.

Terminado o Sínodo, que desafios se apresentam para a Igreja na África?

Como é do conhecimento geral, e pelo que aparece nos jornais ou pela nossa própria experiência diária, a África tem de superar alguns obstáculos. E são os africanos que devem erradicar, com o nosso empenho, esses males.

Graças a Deus, a Igreja na África cresceu nos últimos quinze anos a passos de gigante. É, sem dúvida, uma boa notícia que traz consigo também novas responsabilidades: os cristãos necessitam de viver uma vida de fé profunda, desenvolver o trabalho segundo os ditames da doutrina social da Igreja, de modo a podermos ser fermento que faz levedar a massa. Neste caso a massa é todo um continente que tem de começar a crescer.

Este agir dos cristãos tem de ser levado a cabo tanto na vida privada como na pública. Porque a justiça e a caridade não são ideias nebulosas e indeterminadas, mas devem tornar-se realidade ao conviver com pessoas concretas e em situações concretas.

O Papa esteve recentemente em dois países africanos, e agora convocou este sínodo. Em sua opinião, o que espera Bento XVI de África?

Como o Papa nos disse na Missa de inauguração do Sínodo, a África é um enorme “pulmão espiritual”. É uma expressão que resume tudo. Alertou-nos também para os possíveis vírus que podem enfraquecer esse pulmão: o materialismo e os fundamentalismos. Como africanos não nos podemos deixar levar pela tibieza, por uma vida espiritual superficial e pela mera imitação de outras culturas!

É Vice Reitora da Strathmore University, uma universidade que se inspira na mensagem de São Josemaria Escrivá. Há deste santo algum ensinamento que seja particularmente atrativo para os africanos? Pode contar algum exemplo ou episódio?

São Josemaria foi sempre o nosso inspirador. Ensinou-nos algumas verdades básicas que os africanos temos bem entranhadas no coração: o respeito pelas coisas de Deus. O respeito pela vida e solidariedade para com as outras pessoas – especialmente para com os mais necessitados -. Strathmore University procura contribuir - com a educação – para os africanos serem livres e responsáveis.

Com que ações concretas podem os cristãos contribuir para o pleno desenvolvimento do continente?

Os cristãos de outros continentes podem ajudar de muitos modos. Em primeiro lugar com as suas orações, pois rezar está ao alcance de todos. Outros, também, com o seu trabalho; ou então dando dinheiro a instituições educativas que, sem dúvida, são a base do desenvolvimento independente e sustentado que os africanos desejam.

Entrevista a Florence Oloo no YouTube