Meditar os 3 desejos de Bento XVI, com São Josemaria

Apresentamos uma seleção de textos de São Josemaria relacionados com os três desejos que Bento XVI formulou antes de acender as luzes de uma árvore de Natal: elevar o olhar para Deus; procurar a verdadeira luz para vida; e ser “luz” para os outros.

O Meu primeiro desejoé que o nosso olhar não se detenha somente no horizonte deste mundo, nas coisas materiais, mas que se dirija para Deus.(Bento XVI, 7-12-2011)

Ao falar diante do Presépio, sempre procurei ver Cristo Nosso Senhor desta maneira, envolto em paninhos, sobre a palha de uma mangedoura; e, enquanto ainda é Menino e não diz nada, vê-lo já como Doutor, como Mestre. Preciso considerá-lo assim, porque tenho que aprender dEle. E, para aprender dEle, é necessário conhecer a sua vida: ler o Santo Evangelho, meditar no sentido divino do caminhar terreno de Jesus.

É Cristo que passa, 14

Mas o Senhor sabe que dar é próprio de enamorados, e Ele mesmo nos indica o que deseja de nós. Não lhe interessam as riquezas, nem os frutos, nem os animais da terra, do mar ou do ar, porque tudo isso lhe pertence. Quer algo íntimo, que temos que entregar-lhe com liberdade: Dá-me, meu filho, o teu coração. Estamos vendo? Ele não se satisfaz compartilhando: quer tudo. Repito: não anda procurando as nossas coisas; quer-nos a nós mesmos. Daí - e somente daí - surgem todos os outros presentes que podemos oferecer ao Senhor.

É Cristo que passa, 35

Os bens da terra não são maus; pervertem-se quando o homem os erige como ídolos e se prostra diante deles; enobrecem-se quando os convertemos em instrumentos a serviço do bem, em uma tarefa cristã de justiça e de caridade. Não podemos correr atrás dos bens materiais como quem vai à busca de um tesouro; nosso tesouro está aqui, reclinado numa mangedoura; é Cristo, e nEle se devem concentrar todos os nossos amores, porque onde estiver o nosso tesouro, lá estará também o nosso coração.

É Cristo que passa, 35

Espero – com estas linhas – alentar-vos a procurardes com maior esforço a presença, a conversa, a intimidade com Deus Nosso Senhor, Uno e Trino, através da devoção familiar à trindade da terra: que esta confiança habitual com Jesus, Maria e José seja para nós e para quem nos rodeia como uma catequese contínua, um livro aberto que nos ajude a participar nos mistérios, misericordiosamente redentores, do Deus feito Homem

Carta 14-II-1974

O segundo desejo é que nos recorde que também nós necessitamos de uma luz que ilumine o caminho da nossa vida e nos infunda esperança, especialmente nas épocas em que sentimos com mais força o peso das dificuldades. (Bento XVI, 7-12-2011)

Lux fulgebit hodie super nos, quia natus est nobis Dominus, hoje brilhará sobre nós a luz, porque nos nasceu o Senhor! Eis a grande novidade que comove os cristãos e que, através deles, se dirige à humanidade inteira.

É Cristo que passa, 12

Nosso Senhor encarnou-se para nos manifestar a vontade do Pai. E eis que já do próprio berço nos instrui. Jesus Cristo procura-nos - com uma vocação, que é vocação de santidade - para com Ele consumarmos a redenção.

É Cristo que passa, 31

Como os Reis Magos, descobrimos uma estrela - que é luz e rumo - no céu da nossa alma.

É Cristo que passa, 32

A vocação acende uma luz que nos faz reconhecer o sentido da nossa existência. É convencermo-nos, sob o resplendor da fé, do porquê da nossa realidade terrena. Nossa vida - a presente, a passada e a que há de vir - ganha um novo relevo, uma profundidade de que antes não suspeitávamos. Todos os fatos e acontecimentos passam a ocupar o seu verdadeiro lugar: entendemos para onde o Senhor nos quer conduzir, e nos sentimos como que avassalados por essa tarefa que Ele nos confia.

É Cristo que passa, 45

Vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo.Foi o que aconteceu conosco. Nós também percebemos que pouco a pouco se acendia na alma um novo resplendor: o desejo de sermos plenamente cristãos; se assim me posso exprimir, a ânsia de tomarmos Deus a sério.

É Cristo que passa, 32

Se a vocação está em primeiro lugar, se a estrela brilha antecipadamente para nos orientar no nosso caminho de amor a Deus, não é lógico ter dúvidas quando ela se oculta uma vez por outra. Quase sempre por nossa culpa, acontece em determinados momentos da nossa vida interior o que aconteceu durante a viagem dos Reis Magos: a estrela desaparece. Conhecemos já o resplendor divino da nossa vocação, estamos persuadidos do seu caráter definitivo, mas talvez o pó que levantamos ao andar - nossas misérias - forme uma nuvem opaca que não deixa passar a luz.

É Cristo que passa, 34

Se não se perde a fé, se se preserva a esperança em Jesus Cristo, que estará conosco até à consumação dos séculos , a estrela reaparece. E, ao verificarmos uma vez mais a realidade da vocação, nasce uma alegria maior, que aumenta em nós a fé.

É Cristo que passa, 35

Entrando na casa, viram o Menino com Maria, sua Mãe, e, pondo-se de joelhos, o adoraram. Nós também nos ajoelhamos diante de Jesus, do Deus escondido na humanidade: repetimos-lhe que não queremos dar as costas à sua chamada divina, que não nos afastaremos dEle; que tiraremos do nosso caminho tudo o que for obstáculo à fidelidade; que desejamos sinceramente ser dóceis às suas inspirações. Tu, na tua alma, e eu também - porque faço uma oração íntima, com um profundo clamor silencioso - estamos contando agora ao Menino que temos ânsias de ser tão leais aos nossos compromissos quanto os servos da parábola, para que nos possa também responder: Alegra-te, servo bom e fiel.

É Cristo que passa, 35

O último desejo é que cada um de nós transmita luz nos ambientes em que vive.(Bento XVI, 7-12-2011)

Iesus Christus, Deus Homo, Jesus Cristo, Deus-Homem! Eis uma das magnalia Dei, uma das maravilhas de Deus em que temos de meditar e que precisamos agradecer a este Senhor que veio trazer a paz na terra aos homens de boa vontade.

É Cristo que passa, 13

Temos de pedir ao Senhor que nos conceda um coração bom, capaz de se compadecer das penas das criaturas, capaz de compreender que, para remediar os tormentos que acompanham e não poucas vezes angustiam as almas neste mundo, o verdadeiro bálsamo é o amor, a caridade: todos os outros consolos apenas servem para distrair por um momento, e deixar mais tarde um saldo de amargura e desespero.
Se queremos ajudar os outros, temos que amá-los - insisto - com um amor que seja compreensão e entrega, afeto e voluntária humildade. Assim entenderemos por que o Senhor decidiu resumir toda a Lei nesse duplo mandamento que é na realidade um só: o amor a Deus e o amor ao próximo, com todo o coração.

É Cristo que passa, 167

Assim como Cristo passou fazendo o bem por todos os caminhos da Palestina, assim temos nós que desenvolver uma grande sementeira de paz pelos caminhos humanos da família, da sociedade civil, das relações profissionais, da cultura e do descanso. Será a melhor prova de que nos chegou ao coração o reino de Deus: Nós sabemos que fomos transferidos da morte para a vida - escreve o Apóstolo São João - porque amamos os nossos irmãos.

É Cristo que passa, 166

Agora, diante de Jesus Menino, podemos continuar o nosso exame pessoal: estamos decididos a procurar que a nossa vida sirva de modelo e ensinamento aos nossos irmãos, aos nossos iguais, os homens? Estamos decididos a ser outros Cristos?

É Cristo que passa, 21

São José, nosso Pai e Senhor, castíssimo, limpíssimo, tu que mereceste trazer Jesus Menino em teus braços, e lavá-Lo e abraçá-Lo: ensina-nos a tratar o nosso Deus, a ser limpos, dignos de ser outros Cristos.
E ajuda-nos a fazer e a ensinar, como Cristo, os caminhos divinos - ocultos e luminosos -, dizendo aos homens que podem ter continuamente, na terra, uma eficácia espiritual extraordinária.

Forja, 553