São Josemaria, peregrino de Fátima

São Josemaria foi muitas vezes a Portugal e sempre passou por Fátima.

Foi em 13 de maio de 1917 que teve lugar a primeira aparição de Nossa Senhora em Fátima. João Paulo II referia-se a Fátima como “um sinal dos tempos que nos ajuda a ver a mão de Deus, guia providencial e Pai paciente e compassivo. (…) Peço-vos que, em nome de Nossa Senhora e por ela, digais”: “À vossa proteção nos acolhemos, Santa Mãe de Deus, não desprezeis as nossas súplicas nas necessidades; mais, livrai-nos sempre de todos os perigos, Virgem gloriosa e bendita”.

São Josemaria foi muitas vezes a Portugal e sempre passou por Fátima. Numa dessas ocasiões, em 14 de abril de 1970, ao pisar terra portuguesa, recordou o motivo da viagem: “estou rezando todo o dia, procurando falar continuamente com Deus servindo-me como Intercessora da Virgem Maria que é a Omnipotência Suplicante. Fiz estas viagens com o ânimo, com a simplicidade e com alegria de um antigo romeiro”. E referindo-se à terra portuguesa, exclamou: “Terra de Santa Maria, onde Ela quis deixar rasto do seu amor pelos homens. Venho uma vez mais a dizer-lhe que não nos abandone, que vele pela sua Igreja, que vele por nós”.

A seguir rezou três Ave Marias pelo trabalho apostólico do Opus Dei em Portugal, como fazia sempre que entrava num país, e terminou invocando a Santíssima Trindade. Ao meio-dia e meia pararam no Buçaco para almoçar e depois seguiram rumo a Fátima. Rezaram nesta parte do caminho os mistérios gozosos. Numa confidência cheia de simplicidade comentou: “Antes não pedia. Vivia deste modo porque entendia que era melhor abandonarmo-nos confiadamente em Deus. Naqueles primeiros momentos era bom, porque assim se via que tudo era d’Ele. Agora penso, contudo, que devo pedir, e compreendo melhor toda a força destas palavras do Senhor: Pedi e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei e abrir-se-vos-á. Estou persuadido de que é preciso rezar muito, e quero pôr a minha oração nas mãos mil vezes benditas da Virgem Maria”.

Junto da estrada, antes de chegar à esplanada do santuário, esperava-o um bom grupo de fiéis do Opus Dei portugueses. Como em Torreciudad uns dias antes, descalçou-se para ir rezando, a pé, até à capelinha de Nossa Senhora. Passou um bom momento, e o Padre continuava descalço. Alguém quis evitar que fosse pelos lugares onde havia cascalho: Mas que grande coisa! – Protestava-. Porque me descalcei! Isso faz o último camponês, e vem quilômetros e quilômetros, sem achar que faz muito. Eu percorri apenas uns metros, uma vergonha!

A visita a Fátima era de agradecimento. Acima de tudo, encontrava-se seguro e optimista; “hoje, aqui, com mais optimismo do que nunca”. A sua estada no santuário tornou-se lhe curta; mas a sua oração havia sido longa, como explicava aos seus filhos quando se despediu: Procurei meter, nos meus momentos de oração com Nossa Senhora, vivendo-os em silêncio, tudo o que levo dentro, tudo o que rezei nestes meses, e tudo o que os meus filhos terão rezado.

Ler mais: Manuel Martínez, “Josemaria Escrivá- Fundador do Opus Dei. Peregrino de Fátima”, Lisboa,2002, e Andrés Vázquez de Prada, “Josemaria Escrivá. III. Os caminhos divinos da terra”, Lisboa, Verbo, 2004.